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Caso Eliseu Santos: Assalto ou Execução?


Ministério Público traz novo indício de execução, que Polícia Civil considera frágil.

Porto Alegre - Foram escancaradas ontem as divergências entre Ministério Público e Polícia Civil no caso Eliseu Santos. Quatro promotores, em coletiva à imprensa acompanhada pela Procuradoria-Geral de Justiça, sustentaram a tese de execução e criticaram o inquérito do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que aponta latrocínio (roubo com morte). Pouco depois, foi a vez da tropa de choque do Deic se manifestar. Com o aval da Chefia de Polícia, os delegados disseram que o Ministério Público não tem provas de crime encomendado e, em tom contundente, reafirmaram a convicção de que o ex-secretário da Saúde da capital foi vítima de um assalto.

Para reforçar a ideia de execução, a promotora Lúcia Callegari frisou que Eliseu Pompeu Gomes, 22 anos, preso pela morte do político, tem um irmão que já trabalhou na empresa Reação, que estaria por trás do assassinato. "É o elo entre quem matou e quem mandou. Se a Polícia Civil tivesse investigado com calma, essa prova cabal teria chegado aos delegados e não agora ao MP", declarou o promotor Eugênio Paes Amorim. "Isso não estabelece relação com o crime. O irmão do Fernandinho Beira-Mar é concursado do Banco do Brasil", respondeu o diretor do Deic, delegado Ranolfo Vieira Júnior.

Corrupção indicaria execução

De acordo com os promotores, um elemento importante de premeditação é que Eliseu Santos foi morto na noite de 26 de fevereiro, poucas horas depois da denúncia do Ministério Público por um esquema de propina na Secretaria da Saúde da capital. A investigação de corrupção resultou na demissão do assessor jurídico da pasta, Marco Bernardes, 40, e no rompimento do contrato com a empresa Reação, que guarnecia postos de saúde, do dono Jorge Renato Hordoff de Mello, 42, e do gerente, Marcelo Pio, 34, todos detidos como mandantes.

Inocentes presos se foi latrocínio

Segundo os delegados, a hipótese de execução foi apurada pelo Deic, principalmente em virtude das ameaças sofridas por Eliseu Santos. "Os denunciados pelo Ministério Público foram investigados, mas não encontramos nada contra eles. Temos inocentes presos há cinco dias", comentou Ranolfo Vieira Júnior. Em meio às críticas ao Ministério Público, os delegados ironizaram o reconhecimento de um suspeito pelo nariz. A Associação dos Delegados de Polícia entrou na briga contra o MP. Em nota emitida na noite de ontem, a entidade manifestou repúdio à posição dos promotores.


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