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Menino evangélico ora e é poupado por atirador em Realengo (RJ)

Mateus Moraes, 13 anos, orou, pediu para não ser morto
e ouviu do assassino: "Fica tranquilo, que não vou te matar"



“Eu estava em pé e era um dos mais nervosos. Pedi para ele não me matar, e ele disse: ‘Fica tranqüilo, gordinho, que não vou te matar.’ E não atirou em mim”, contou o menino, estudante da 7ª séria da Escola Municipal Tasso da Silveira.

Na ocasião, o atirador (Wellington Menezes de Oliveira, 23) invadiu a escola por volta das 8h e atirou em diversos estudantes. Wellington era ex-aluno e se passou por um palestrante para conseguir entrar na instituição de ensino. Ao todo, morreram dez meninas e dois meninos. Depois dos crimes, o bandido foi baleado e em seguida cometeu suicídio.

Uma possível explicação para o fato do assassino ter poupado o menino é que este ficou o tempo todo orando. Fiel da Igreja Evangélica Mananciais, Mateus atribui a uma força superior o fato de ter saído vivo do ataque. “Deus me protegeu.”

O atirador andava calmamente pela sala, disparando contra as crianças, principalmente na cabeça e no tórax. Ao chegar ao local, primeiro ele teria procurado uma professora que já tinha lhe dado aula no passado. Como não a encontrou, subiu para o primeiro andar, foi em duas salas do oitavo ano do Ensino Fundamental e efetuou os disparos.

Em depoimento à jornalistas, Mateus definiu o dia do massacre como um pesadelo. Ele conta que viu a escola entrar em pânico com os tiros e que ficou em pé, orando, esperando tudo acabar:


"Já tive alguns pesadelos na vida, mas nenhum se compara com o que vi hoje. A aula de português estava começando quando ouvimos um tiro dentro da escola.

Naquele momento, todos entraram em pânico. A professora deixou a sala para ver o que acontecia e não deu para entender mais nada.

Só ouvíamos o barulho dos tiros cada vez mais alto. Foi uma correria. Todos gritavam e tentavam se esconder embaixo das mesas.

Logo em seguida, um rapaz de camisa verde e calça preta com um revólver em cada mão entrou na sala. Não tive muita reação. A única coisa que fiz foi levantar da minha cadeira, que fica na primeira fileira da sala.

Ele ficou menos de meio metro de distância da minha mesa e começou a atirar. Foi uma covardia. Ele chegava perto dos meus amigos que estavam no chão, demorava um pouco e dava tiro na cabeça, no tórax.

Vi pelo menos uns sete amigos morrerem. Não sei como não morri. Fiquei o tempo inteiro em pé e orando. Cada vez que ele parava de atirar para recarregar as armas, ele gritava que não ia me matar. O rapaz berrava: "Fica tranquilo, gordinho. Já disse que não vou te matar". Ele falava isso, carregava o revólver e ia pra cima dos outros.

Teve uma hora que ele deixou a sala e continuou atirando do lado de fora.

Minutos depois, o barulho acabou. Vi vários colegas feridos, outros mortos, muito sangue nas paredes da sala. Não sabia o que fazer nem como estava vivo. Foi Deus que me ajudou.

Logo em seguida, um policial deu um grito. Ele berrava para os alunos que estivessem vivos deixarem a escola.

Saí correndo. Só fui parar lá em casa. Deixei até o material para trás. Chorei o dia inteiro, mas estou calmo agora.

Não vou ter mais coragem de estudar nessa escola. As lembranças são muito fortes. "


Fontes: Folha de São Paulo e Último Segundo, entre outros.



"Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido."

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