Hoje à tarde passei numa pequena lancheria no centro de minha cidade.
De segunda à sábado, o dono dessa lancheria (vou chamá-lo aqui de Pedro, pra não ter que falar o nome verdadeiro desse meu amigo) levanta às 4 da manhã pra poder se deslocar de sua cidade até aqui e abrir o seu estabelecimento a tempo dos clientes chegarem pra tomar aquele tradicional cafezinho, a caminho do serviço.
Pedro trabalha sozinho. A única pessoa que o ajuda (e só de vez em quando...) é um dos seus filhos, que aparenta ter uns 11 ou 12 anos de idade.
A esposa do Pedro prepara os salgados e doces de madrugada, pra ele poder levar e vender ao longo do dia, junto com os demais lanches, vitaminas e cafezinhos.
Devido à grande concorrência, Pedro foi obrigado a baixar os preços dos seus produtos. Hoje em dia, pra ganhar 50 Reais, meu amigo deve precisar vender em torno de uma centena de pastéis.
Hoje um cliente comentou que o Pedro estava com olheiras de cansaço. Sentado num banquinho, esse cliente sugeriu levantar-se pra ceder o lugar, para que Pedro pudesse descansar um pouco, porém este recusou a gentileza (precisava continuar atendendo os clientes), mas confirmou o cansaço.
"Talvez seja por causa desse calor" - falou o cliente assíduo.
Reparei que a olheira do Pedro não era aquele roxo normal de uma noite mal-dormida, e cheguei a me assustar... Era um olhar de exaustão. A parte do rosto que fica em volta dos olhos dele chegava a parecer afundada, lembrando até mesmo uma foto antiga que tiraram no velório de uma das minhas bisavós, falecida meses depois de um parto.
Pedro não ganha bolsa-família, nem vale-cultura, e também não tem ligação com nenhum partido político. Pedro apenas trabalha. E paga impostos, além de um aluguel absurdo. Fora as contas de água, luz, e o material dos fornecedores (água mineral, refrigerante, gelo, leite, frutas...).
Com os impostos pagos, outras pessoas irão se beneficiar bem mais que Pedro, e gastando como quiserem - inclusive com "revista de quinta categoria", conforme palavras da própria Ministra da "Cultura", Marta Suplicy.
Se for pensar, quantos "Pedros" tentam sobreviver neste país, levando em suas costas (contra a vontade) a responsabilidade de sustentar, além de suas famílias, também as famílias dos ministros, juízes, promotores e demais "doutores", que enriquecem às custas do suor do povo?
Quantos Pedros já não aguentam mais ouvir falar das farras organizadas por políticos e servidores corruptos, que desviam milhões dos cofres públicos? Ou nos "cumpanheiros" que agora recebem indenizações milionárias, mesmo tendo cometido assaltos e atentados no tempo da ditadura? Ou nos milhares de CCs que parasitam absolutamente todos os órgãos públicos, sem nem mesmo terem prestado concurso público? OU nas "estrelas" do partido do governo, que conseguem extrapolar todos os limites da ética com seus supersalários, engordados por dinheiro recebido por jetons de diversas estatais em que supostamente participam como conselheiros?
Indignação é pouco. Mas no geral, nosso povo é pacífico, não se revolta contra os absurdos cometidos contra eles. Enquanto a "nobreza" trabalha em verdadeiros palácios ao longo do ano, recheados de computadores e ar-condicionados em todas as salas, voltam pras suas casas desfilando carros novos e caros, se divertem depois nas férias viajando pelo mundo afora e postando suas fotos felizes e alegres no Facebook, no Twitter e no Instagram, com seus tablets, smartphones e demais brinquedos de gente grande, seus pobres súditos tentam sobreviver, na medida do possível, enquanto ainda restam forças.
Não é nada pessoal. Mas um dia poderá ser.
De segunda à sábado, o dono dessa lancheria (vou chamá-lo aqui de Pedro, pra não ter que falar o nome verdadeiro desse meu amigo) levanta às 4 da manhã pra poder se deslocar de sua cidade até aqui e abrir o seu estabelecimento a tempo dos clientes chegarem pra tomar aquele tradicional cafezinho, a caminho do serviço.
Pedro trabalha sozinho. A única pessoa que o ajuda (e só de vez em quando...) é um dos seus filhos, que aparenta ter uns 11 ou 12 anos de idade.
A esposa do Pedro prepara os salgados e doces de madrugada, pra ele poder levar e vender ao longo do dia, junto com os demais lanches, vitaminas e cafezinhos.
Devido à grande concorrência, Pedro foi obrigado a baixar os preços dos seus produtos. Hoje em dia, pra ganhar 50 Reais, meu amigo deve precisar vender em torno de uma centena de pastéis.
Hoje um cliente comentou que o Pedro estava com olheiras de cansaço. Sentado num banquinho, esse cliente sugeriu levantar-se pra ceder o lugar, para que Pedro pudesse descansar um pouco, porém este recusou a gentileza (precisava continuar atendendo os clientes), mas confirmou o cansaço.
"Talvez seja por causa desse calor" - falou o cliente assíduo.
Reparei que a olheira do Pedro não era aquele roxo normal de uma noite mal-dormida, e cheguei a me assustar... Era um olhar de exaustão. A parte do rosto que fica em volta dos olhos dele chegava a parecer afundada, lembrando até mesmo uma foto antiga que tiraram no velório de uma das minhas bisavós, falecida meses depois de um parto.
Pedro não ganha bolsa-família, nem vale-cultura, e também não tem ligação com nenhum partido político. Pedro apenas trabalha. E paga impostos, além de um aluguel absurdo. Fora as contas de água, luz, e o material dos fornecedores (água mineral, refrigerante, gelo, leite, frutas...).
Com os impostos pagos, outras pessoas irão se beneficiar bem mais que Pedro, e gastando como quiserem - inclusive com "revista de quinta categoria", conforme palavras da própria Ministra da "Cultura", Marta Suplicy.
Se for pensar, quantos "Pedros" tentam sobreviver neste país, levando em suas costas (contra a vontade) a responsabilidade de sustentar, além de suas famílias, também as famílias dos ministros, juízes, promotores e demais "doutores", que enriquecem às custas do suor do povo?
Quantos Pedros já não aguentam mais ouvir falar das farras organizadas por políticos e servidores corruptos, que desviam milhões dos cofres públicos? Ou nos "cumpanheiros" que agora recebem indenizações milionárias, mesmo tendo cometido assaltos e atentados no tempo da ditadura? Ou nos milhares de CCs que parasitam absolutamente todos os órgãos públicos, sem nem mesmo terem prestado concurso público? OU nas "estrelas" do partido do governo, que conseguem extrapolar todos os limites da ética com seus supersalários, engordados por dinheiro recebido por jetons de diversas estatais em que supostamente participam como conselheiros?
Indignação é pouco. Mas no geral, nosso povo é pacífico, não se revolta contra os absurdos cometidos contra eles. Enquanto a "nobreza" trabalha em verdadeiros palácios ao longo do ano, recheados de computadores e ar-condicionados em todas as salas, voltam pras suas casas desfilando carros novos e caros, se divertem depois nas férias viajando pelo mundo afora e postando suas fotos felizes e alegres no Facebook, no Twitter e no Instagram, com seus tablets, smartphones e demais brinquedos de gente grande, seus pobres súditos tentam sobreviver, na medida do possível, enquanto ainda restam forças.
Não é nada pessoal. Mas um dia poderá ser.
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