Michelson Borges
Certa vez, ouvi numa palestra que o besouro não poderia voar por desobedecer às leis da aerodinâmica. Mas como ele não sabia disso, voava assim mesmo.
Isso era usado como exemplo de superação e de que não devemos dar ouvidos aos que dizem que determinada tarefa é impossível. Claro que a lição é importante, mas a comparação com o besouro não mais poderá ser feita.
Quem ajudou a jogar por terra o famoso “paradoxo do besouro” foi o Dr. John Young, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. Ele afirma que a moderna aerodinâmica já é capaz de modelar com precisão o voo dos insetos.
Para chegar a essa conclusão, Young estuda os gafanhotos. Ele quer saber como esses bichinhos conseguem voar distâncias tão grandes, indo de um continente a outro, mesmo dispondo de uma reserva de energia mínima. A intenção é utilizar esse conhecimento para construir microrrobôs voadores mais eficientes.
Quando querem testar a aerodinâmica de veículos, os técnicos os colocam em túneis de vento. Young e sua equipe fizeram a mesma coisa: construíram um túnel de vento para decodificar os segredos aerodinâmicos do gafanhoto.
As informações coletadas foram suficientes para criar um modelo de computador que recria com precisão o fluxo de ar, o empuxo e a sustentação gerados pelo complexo movimento das asas dos gafanhotos.
Young disse que “as asas [do gafanhoto] delicadamente estruturadas, com seus contornos e curvas, e superfícies estriadas e enrugadas, estão muito além do melhor que se pode conseguir com as asas de um avião.”
Em um teste, os pesquisadores removeram as rugosidades e as curvas e mantiveram os contornos. Noutro, eliminaram todas as rugosidades e estrias, simulando asas com o mesmo formato das asas dos insetos, mas totalmente lisas.
Os resultados mostraram que os modelos simplificados produzem sustentação, mas são muito menos eficientes, exigindo muito mais energia para voar.
Conclusão: as asas do gafanhoto são resultado de um design bastante inteligente.
Fonte: Digitais do Criador.
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