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Entrevista com Cibele Baginski - a gaúcha que está recriando a ARENA!

Cibele pretende recriar partido do tempo da ditadura militar

Hélmiton Prateado

16/12/2012 - A Aliança Renovadora Nacional (Arena) foi o partido político da situação durante o período da ditadura militar (1964-1985), mas foi extinto com a volta do multipartidarismo em 1979. Pois um grupo quer recriar a sigla com um discurso de ser “um partido de direita e que traz a lembrança de um tempo em que se tinham mais convicções”.

A principal liderança que desponta para esse novo partido, cuja ideia de recriação surgiu no Rio Grande do Sul, não é nenhum estereótipo de político retrógrado e conservador. Ao contrário: é uma mulher jovem que seria facilmente confundida com uma estudante de Sociologia, de ideias esquerdistas e distante do figurino de simpatizante de partido conservador.

Cibele Bumel Baginski é gaúcha de Porto Alegre, tem 23 anos, solteira e revela não estar namorando no momento para não prejudicar os estudos de Direito na Faculdade de Caxias do Sul, onde mora. Com os cabelos pintados de uma discreta cor vermelha e usando anéis de cobra, aparenta fragilidade, mas ao revelar sua postura política e capacidade de articulação comprova ser séria candidata a estrela de primeira grandeza na constelação política nacional em breve.

Ela esteve este final de semana em Goiânia para lançar a ideia de recriar a Arena e falou do norte político que a legenda pretende para aglutinar novos militantes.

DM – Qual a razão de recriar um partido que remete ao tempo da ditadura militar?

Cibele Baginski – O nome foi definido em uma votação do grupo que estava pensando em criar uma nova sigla. De oito ou nove nomes sugeridos, um foi Arena [e foi esse] que venceu a disputa. Esse nome de partido nos remete a um tempo em que havia mais convicções políticas.

DM – Ideologicamente como esse partido se alinha?

Cibele Baginski – Lembramos da Arena como partido de valores como coerência, seriedade (que hoje está em baixa com a política muito desmoralizada) e em que havia mais franqueza na política. O fisiologismo que impera hoje é um dos maiores problemas, porque os partidos ficam sem identidade. Só trabalham para se manter no conforto que estão e não pensam no futuro do País. A maior riqueza que temos para deixar a nossos filhos é um País bem montado. Os partidos só pensam em se manter para a próxima eleição e não para a próxima geração. Sabemos que é difícil de se mudar, mas é necessário ir tentando, pois é com o silêncio dos bons que os maus crescem.

DM – O partido surge como de direita?

Cibele Baginski – Estatutariamente o partido surge como de direita. A direita hoje no Brasil está acanhada e com vergonha de se mostrar. Em nosso estatuto definimos como pilares o conservadorismo, a estabilidade da sociedade para buscar o progresso, o nacionalismo e o tecnoprogressismo. Montamos o programa sobre essas bases para não deixar de contemplar o ideário de direita.

DM – Como vocês, que defendem o conservadorismo, se posicionam sobre questões modernas como Direitos Humanos e união civil de pessoas de mesmo sexo?

Cibele Baginski – Direitos Humanos é uma bandeira que existe para garantir benefícios a todos. O que as esquerdas têm feito é criar privilégios para determinados grupos, gerando tensão social e desrespeitos enormes. O que queremos é que todas as pessoas tenham direito à dignidade, sem exceção. Quanto à união homoafetiva, isto não é do interesse do Estado. O que as pessoas fazem entre quatro paredes não é do interesse do Estado. O que fazem em suas vidas íntimas diz respeito somente a elas e não é algo para ser pavoneado pelas ruas, pois seria da alçada do Código Penal como ato obsceno. Vemos que a sociedade não está preparada para isto. Particularmente vejo como não sendo o ideal, porque o casamento visa a formação de uma família com filhos e não se gera família se não se pode ter filhos - este é o primeiro empecilho que vejo.

DM – A Arena foi o partido da ditadura militar. Isto não é um estigma para vocês buscarem esse nome para um novo partido?

Cibele Baginski – Tudo tem um lado negativo e outro positivo. A mídia ruim que existe para esse nome existe também para outros partidos. A nova Arena veio para apresentar soluções para o Brasil e esses estigmas passam a ser irrelevantes. O nome provoca as pessoas a tomarem uma posição: ou gosta ou não gosta, não tem aquela coisa de negociar e nos obriga a ter coerência.

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