Alabaster Box

O Circo pegando Fogo


Na ópera “Pagliacci” de Leoncavallo, aquela em que o palhaço com o coração destroçado canta “riiiidi, pagliaaaacciiiiii...”, o palhaço está desesperado enquanto o público vai ao espetáculo para rir. Uma situação semelhante é descrita na parábola de Kierkegaard do palhaço e da aldeia em chamas:

“Aconteceu uma vez... Produziu-se um incêndio num circo, situado perto de uma cidadezinha do interior. O diretor enviou um palhaço, que estava trajado para o espetáculo, para informar o que estava acontecendo, ao povo da cidade. O palhaço tentou convencer às pessoas reunidas na praça, para que fossem ajudar no circo, apagar o incêndio que se havia produzido em suas instalações. Os gritos do palhaço foram interpretados como um truque do ofício. Não conseguiu convencer a ninguém. Aplaudiam-lhe e riam até as lágrimas. Ele, porém, fez tudo o possível para convencer o povo que não era ficção, nem truques do ofício, senão que se tratava de uma dura e triste realidade. Suas lágrimas apenas conseguiam o efeito de intensificar as risadas daqueles que o viam e escutavam. O espetáculo durou até que o fogo se alastrou por toda a cidadezinha. A ajuda chegou tarde. Infelizmente, o circo e a cidade foram devastados pelas chamas”.

O que o palhaço deveria ter feito para que as pessoas do povoado acreditassem nele? Alguns podem dizer que se ele tivesse ido à cidade sem o traje de palhaço as pessoas teriam acreditado nele. Outros podem defender que ele deveria ter levado consigo alguma outra testemunha que também tivesse visto o fogo... Mas o que teria sido mais convincente nessa hora seria pegar as pessoas do povoado pelo braço e levar até o incêndio para que elas vissem por elas mesmas o fogo e pudessem o combater a tempo. O mesmo acontece com a Igreja hoje. Os cristãos tentam de muitas maneiras diferentes mostrar a verdade do evangelho, mas as pessoas simplesmente não acreditam porque não conseguem enxergar essa verdade que nós conhecemos. A metade do mundo ri da outra metade; se alguém ri da gente, pensemos: estamos na outra metade.

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Friedrich Nietzsche

“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” I Coríntios 2.14-16

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